A COBRA ENCANTADA DO RIO PAU AMARELO, por Sandro Arlan
- Marcelo do Pará
- 27 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Mais um conto escrito pelo professor Sandro Arlan


Todo rio tem alguma história que mexe com a imaginação de pescadores, ribeirinhos e com a nossa também.
São seres que habitam esses ambientes tornando-se lendas vivas da cultura popular.
O rio pau amarelo é um dos rios que serpenteiam nossa querida Ilha de Mosqueiro e apresenta uma série de mistérios a serem desvendados. Um rio caldaloso com margens estreitas, largas e profundas cercadas por uma vasta vegetação nativa que o acompanha por quilômetros, desde a sua nascente até a sua foz. É um rio totalmente navegável, onde pequenas e grandes embarcações típicas da Amazônia navegam diariamente.
Seus moradores que habitam as palafitas às suas margens contam inúmeras histórias de coisas que acontecem nesse rio, nos deixando fascinados e com medo.
Seu Terêncio, um velho ribeirinho, nascido e criado à beira do rio nos conta que no fundo do rio entre os buracos das pedras mora uma imensa cobra encantada pela mãe d’água, e todos os anos ela se apresenta em sonhos para os mais corajosos homens que moram nas cercanias. Em forma de uma bela mulher pede que a libertem desse encantamento e assim ela lhes dará riqueza e felicidade.
No sonho, ela diz que estará na cabeceira do rio na primeira noite de lua cheia do mês de dezembro e que o escolhido deverá ir sozinho, levando apenas uma faca virgem e um lençol branco. Ela estará esticada na margem direita e o homem merecedor deverá fazer um corte na cabeça e quando o sangue jorrar, cobrir rapidamente com o lençol e dessa forma, a libertará.
Muitos já tentaram, mas ao chegar ao local e se deparar com o tamanho da cobra, ficam apavorados e voltam morrendo de medo para suas casas.
Até mesmo seu Terêncio teve a oportunidade de ficar rico, porém desistiu quando estava bem próximo da cabeça da criatura que dormia sonhando com seu libertador, mas infelizmente todo ano seu desejo é adiado. E ainda hoje ela aparece nos sonhos dos jovens ribeirinhos que preferem ficar pobres a transformar aquele sonho em realidade.
E é sempre assim, na primeira lua do mês de dezembro ela fica à espera de um bravo morador das margens do rio, mas que nunca chega.

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