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A MULHER CABELUDA DO CARANANDUBA, por Sandro Arlan


O bairro do Carananduba é um dos maiores bairros de Mosqueiro em dimensão territorial, e com um crescimento demográfico acelerado. Bairro querido, com várias equipes de futebol como: Cruzeiro, Conceição, Grêmio, Guarani e outros. Além das equipes masculina e feminina de voleibol do Cruzeiro. Nele estão localizadas as escolas Abelardo Leão Condurú, Prof. Abel Martins e a Escola Carananduba que atendem os ensinos fundamental e médio. Como os demais bairros da Ilha, Carananduba, que na língua indígena significa caranã-grande, uma espécie de palmeira, também tem suas histórias sobrenaturais que ainda assombram a população. Dona Yvone, uma senhora com quase 100 anos de pura lucidez, nos conta que há muito tempo viera morar na rua do ramal do DMER (Departamento Municipal de Estradas e Rodagem), um antigo acesso que liga a rodovia BL-13 a PA-191, estrada que leva à Rodovia Augusto Meira Filho. Eram poucas casas que margeavam aquele ramal espiçarrado, que em época de inverno virava um lamaçal, não havia energia elétrica e para sair à noite só usando lanternas ou tochas, mas eram poucos que se arriscavam. Diziam que aparecia no meio da escuridão uma mulher qual cabelo chegava até aos pés, encobrindo sua face e quase todo seu corpo. Quem vira acreditava ser assombração vinda do cemitério que fica entre a BL-13 e o Ramal. Era uma coisa medonha que vagava à noite em busca de algo desconhecido, segundo dona Yvone, nenhum homem ou mulher tinha coragem de seguir caminho quando a viam no meio do ramal. Voltavam numa correria desenfreada até chegar em suas casas quase desmaiando, era puro pavor. Mas sempre tinha um doido destemido que após algumas doses de cachaça queria provar ser corajoso. E assim Zeca cachorro, um vigia do prédio do DMER, após algumas horas de bebedeira, disse aos amigos que iria seguir para o trabalho sozinho pelo ramal, embora os amigos pedirem para ir por outra rua, ele disse que não tinha medo de nada e se a cabeluda aparecesse, agarrava e dava uns beijos. Não brinque com o que você não conhece, todos alertavam, mas ele cheio do álcool dizia: seus bandos de frouxos e partiu meio que cambaleando. Naquela noite, quando quase se aproximando do cemitério em meio a luz do luar, percebeu que algo vinha em sua direção. Parou, observou com calma e certificou-se que era ela, pensou consigo, não vou correr, e caminhou ao seu encontro, viu que embora cabeluda tinha um corpo escultural e por trás daquele cabelo deveria ter um belo rosto. Começou a fantasiar situações de namoro com beijos e amassos pra ver mais de perto, quando ela parou e esticou os braços o chamando e ele todo empolgado pela cachaça se aproximou e pegou em suas mãos frias, achou estranho, mas como à noite ventava frio imaginou que fosse esse o motivo, começou a falar e a perguntar coisas pra ela que não respondia nada e já curioso, soltou as mãos e enfiou entre seus cabelos querendo ver seu rosto. Zeca levou um susto terrível, que quase morre de ataque do coração. Por trás daquele imenso cabelo havia uma face sem olhos e nariz, só havia os orifícios, uma visão sobrenatural que fez com que ele desse um grito apavorante e saísse correndo como um


louco na escuridão pedindo socorro. Ao chegar na casa de um amigo, bateu a porta desesperado, foi acolhido, deram água com açúcar para acalmá-lo e com um tempo ele contou o que havia ocorrido. Todos ficaram apavorados e disseram para ele passar a noite ali. Logo depois começou a sentir uma dor de cabeça muito forte e uma febre muito alta, tinha alucinações e gritava: ela vem me buscar e essa agonia entrou pela madrugada.

Zeca não resistiu e morreu, vítima de seu desrespeito e curiosidade.

Ainda hoje, embora iluminado, pavimentado e cercado por residências, várias pessoas afirmam que a mulher cabeluda de vez em quando passeia pelo Ramal do DMER.




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